Milford ou Doubtful Sound?

O Capitão Cook descobriu o som Dusky em 1773 e nomeou-o Doubtful Sound

Assistir viajantes vidrados, de pé no Centro de Informações ao Visitante de Te Anau, tentando decidir se devem fazer um cruzeiro Milford ou Doubtful Sound é sempre divertido. Milford Sound recebe mais de meio milhão de visitantes por ano, mas e o seu vizinho menos conhecido, Doubtful Sound?

O nome 'Som' na verdade é um equívoco, como as geleiras, não rios, esculpiram esses fiordes. A mitologia Maori sugere que Tute Rakiwhanoa usou seu gigantesco bastão de escavação para esculpir os vales de lados íngremes e, quando o povo Maori chegou pela primeira vez, usaram a área para coleta de alimentos sazonais e caça de pounamu.

O Capitão Cook descobriu o Sound Dusky em 1773 e nomeou-o Doubtful Sound, duvidando que pudesse navegar novamente. Ele ignorou completamente Milford, e foi John Grono quem batizou este Sound em 1823. Visitantes galeses acham isso divertido, já que Milford Haven no País de Gales é lar de uma planta de processamento de petróleo e uma área industrial, nada parecido com a pitoresca versão neozelandesa.

Em ambos Milford e Doubtful Sound, existem duas camadas distintas de água. Os primeiros 10 metros de água doce são naturalmente tingidos por taninos de vegetação decomposta. Essa camada escura cria uma superfície reflexiva e impede que muita luz alcance a água do mar relativamente quente por baixo. Vida marinha normalmente encontrada em grandes profundidades vive apenas 30 metros abaixo da superfície, tornando Fiordland um dos principais pontos de mergulho da Nova Zelândia.

Leva cerca de 2 horas e ¼ para dirigir os 119 quilômetros de Te Anau para Milford. No entanto, se você estiver dirigindo, câmera em mãos, programe pelo menos três horas. Em Milford Sound, o Centro de Visitantes e o terminal de balsas se parecem mais com um aeroporto, e se você quiser explorar o Sound, pode fazer um cruzeiro, andar de caiaque ou fazer uma viagem em um submarino. Ficando na doca, percebo que há 20.000 anos o exato mesmo local teria sido coberto por quase dois quilômetros de gelo.

Escolhi explorar Milford em um passeio de barco de 1½ hora com Mitre Peak cruises. Nosso Capitão Caleb, explica que em alguns lugares o Sound tem três quilômetros de largura e mais de trezentos metros de profundidade. Olho para cima para alguns dos penhascos marinhos mais altos do mundo - subindo 1.200 metros diretamente da água e aproveite o plano frontal do Mitre Peak dominando o horizonte.

Desviar do spray das Cataratas Stirling no convés frontal é uma experiência afirmadora de vida e todos a bordo aproveitam para ver a vida selvagem. As focas neozelandesas kekeno descansam ao sol em Bachelor Rock, e um pinguim crested de Fiordland ou tawaki, tentando se esconder em sua própria sombra, rouba a cena. Concluo meu cruzeiro pensando que nada poderia superar a experiência em Milford, mas isso foi antes de eu visitar Doubtful Sound.

O cais em Pearl Harbour no Lago Manapouri fica a meia hora de carro de Te Anau. Marca o início de minha travessia completa de Leste a Oeste do Parque Nacional de Fiordland. No mapa, os lagos se encaixam como tetras e, como visitante de Doubtful Sound, tenho que ganhar meus direitos de se gabar. Navegamos pelo Lago Manapouri até a Usina de Energia West Arm, passamos o Wilmot Pass e embarcamos em nosso barco de cruzeiro.
Lago Manapouri, com suas 33 ilhas, é o segundo lago mais profundo da Nova Zelândia. O Fiordland Flyer passa por Pomona Island, um santuário livre de predadores em direção ao cais. Chris Moon, nosso Guia da Natureza, nos encontra no Centro de Visitantes de West Arm. Ele possui tanto senso de humor quanto um conhecimento profundo da herança natural da área.

Wilmot Pass marca o ponto em que a floresta de faias cede lugar às coníferas mistas de podocarpos. Aqui, os níveis anuais do medidor de chuva mudam de três metros em West Arm para 6-8 metros em Doubtful Sound. Olhando para Deep Cove e Elizabeth Island num dia claro é como olhar de volta no tempo, eu meio que espero que o Capitão Cook navegue passado na Endeavour.

O nome Maori de Doubtful Sound é Patea, que significa 'o lugar do silêncio' e o nome certamente se encaixa. Nenhum helicóptero ou avião voam sobre e o isolamento esplêndido que os primeiros exploradores escreveram ainda pode ser experimentado. Com 421 metros, é o fiord mais profundo da Nova Zelândia e já foi frequentado por baleeiros e caçadores de focas sanguinários. Felizmente hoje, Doubtful Sound faz parte da Reserva Marinha The Gut Te Awaatu e a vida selvagem é permitida a perambular sem ser perturbada.

De Deep Cove, navegamos no Patea por mais de 30 quilômetros até o Mar da Tasmânia. Passamos por picos rochosos e cachoeiras, a mais alta, Browne Falls, tem 619 metros de altura. As Shelter Islands, na foz de Doubtful Sound, são um local de reprodução para focas e pinguins. No momento em que nosso capitão desliga os motores para que possamos experimentar um silêncio natural ensurdecedor, minha mente está visualmente sobrecarregada. Só para ser novamente encantado, desta vez por um grupo de golfinhos de Hectors.

De volta à terra, dirigir para dentro de uma montanha até as entranhas da usina de energia é outra experiência vertiginosa. Um minuto estamos na água em uma região selvagem remota, no próximo estamos profundamente abaixo da terra, vendo uma usina de energia hidrelétrica.

A cada segundo, mais de 80 piscinas olímpicas de água passam pela usina, que originalmente foi o foco do protesto de conservação mais eficiente da Nova Zelândia. Uma petição com 265.000 assinaturas foi apresentada ao parlamento exigindo que o lago permanecesse em seus níveis naturais. Em 1972, o governo trabalhista honrou sua promessa eleitoral e a usina foi construída com os níveis do lago permanecendo inalterados.

Minha conclusão sobre qual passeio é o melhor? Milford Sound entregou todas as suas promessas, mas Doubtful Sound me levou a outro reino.